Foto: Álvaro Henrique/ Secretaria de Educação do DF
Para a secretária de formação da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Marta Vanelli, qualquer plataforma digital de aprendizagem que não vier em conjunto com uma política para universalizar a internet não vai funcionar. Segundo ela, é preciso que o Estado garanta estrutura e alfabetização digital.
Não se pode negar que as plataformas virtuais podem ser um bom recurso pedagógico para ajudar as/os professoras/es e os/as nossos/as estudantes no país. A CNTE chegou a fazer campanha para distribuir tablets e chips para que mais alunos pudessem ser incluídos no mundo digital.
“A CNTE sempre reivindicou que era necessário distribuir, além de tabletes, chips para os estudantes terem acesso à internet, isso pra mim é fundamental. Se a gente não consegue ampliar e universalizar a internet do nosso país, como é que vamos garantir a melhora da aprendizagem de forma mais igual? Por isso a aula presencial é mais do que importante, é necessário”, ressalta Marta.
A entidade foi protagonista do tuitaço ”Essencial É A vida”, em defesa da conectividade nas escolas públicas e contra o retorno às aulas presenciais sem a devida segurança sanitária em tempos de pandemia. A hashtag da campanha #EssencialÉAVida fez parte da 22ª Semana em Defesa e Promoção da Educação Pública e foi para pressionar o Congresso Nacional para que derrubasse o veto de Bolsonaro ao Projeto de Lei 3.477/20 que previa a garantia de acesso à internet, com fins educacionais, a alunos e a professores da educação básica pública.
Entre os vetos cassados estavam os de número 48 e 56, que restabeleceram na Lei 14.057 a possibilidade de os profissionais do magistério e às escolas de todo país acesso à internet em banda larga, até 2024, por meio da utilização de recursos do Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações – Fust, previstos na Lei 14.109.
A plataforma de educação, que se refere a reportagem, se baseia no conceito de "mastery learning", ou aprendizado de domínio, em que o aluno recebe apoio para dominar cada etapa do conteúdo antes de seguir para a próxima.
Para Sérgio Amadeu, entregar dados do desempenho escolar de estudantes brasileiros para uma plataforma norte-americana não parece correto, já que os EUA não tem uma legislação que seja compatível com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). Segundo ele, as Big Techs que financiam soluções online têm interesse na coleta de dados massivos para criarem produtos e serviços e os sindicatos têm a responsabilidade com o tema em cada canto deste país.
“O ensino e aprendizado podem melhorar muito com recursos digitais, com o aprendizado de máquina, mas não consigo ver como melhorar o aprendizado fora dos contextos em que os jovens vivem. O problema é que as pessoas podem ter sua carreira e suas notas prejudicadas por projeções e predições sobre elas que nunca serão confirmadas. A tecnologia não é neutra, ela traz a cultura e a cosmovisão de quem a criou. Os sindicatos precisam aprofundar sua visão sobre esses processos para lutar por seus direitos e evitar injustiças tecnológicas”, ressaltou.
Amadeu afirmou que o processo de ensino e aprendizado precisa ser contextualizado e sugere que é preciso recursos educacionais abertos que envolvam os educadores na produção do processo de conteúdo educacional com ajuda das universidades brasileiras.
“Isso geraria uma mobilização positiva e avançada no processo educacional. Imagine o quanto podemos melhorar nossos processos se tivermos bolsas para educadoras e educadores criarem seus materiais com o apoio das universidades brasileiras que possuem um grau elevado de excelência tecno-científica”.

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