Foto: Divulgação IEAL
O IX Encontro Regional de Educação Pública e Povos Indígenas, convocado pela Internacional da Educação para a América Latina (IEAL), foi realizado nos dias 9 e 10 de agosto em Assunção, Paraguai. A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) participou do evento, que contou com a presença de mais de 150 educadores de toda a região, representantes de povos indígenas do Peru, Panamá, Argentina, Costa Rica, Brasil, Chile e Paraguai.
Além disso, a atividade foi acompanhada pela secretária geral da CNTE, Fátima Silva, vice-presidente da comissão regional da IEAL; Combertty Rodríguez, coordenador principal da IEAL; Roberto Leão, presidente em exercício da CNTE e vice-presidente mundial da Internacional da Educação (IE); Eladio Benitez, Secretário Geral da União Nacional dos Educadores-União Nacional (UNE-SN) e Juan Gabriel Espínola, representante da Organização dos Trabalhadores da Educação do Paraguai-Auténtica (OTEP-A).
Combertty Rodríguez iniciou o evento ressaltando que é responsabilidade das organizações garantir que as populações indígenas encontrem um lugar para se organizar no movimento sindical. “A IEAL tem visto como um dever fazer este apelo para abordar uma questão central: o problema educacional das populações indígenas visto a partir da formulação de uma política pública”, acrescentou.
Por seu lado, Roberto Leão dirigiu-se aos presentes, desejando-lhes “Espero que saiam daqui fortalecidos, com propostas para levar a cada um dos vossos espaços, e continuarem esta luta pela existência da humanidade. Porque vocês, por causa de suas relações com a natureza, são o futuro da humanidade.”
Eladio Benitez destacou as semelhanças que existem entre os países da região ao apontar que "temos muitas deficiências, dificuldades no uso e acesso às novas tecnologias, falta de conectividade, mas sobretudo um abandono histórico dos governos em cada um de nossos países”. Diante disso, o dirigente explicou a importância do Encontro, que permitirá a apresentação de propostas sobre esses temas.
“É um grande compromisso para a organização sindical porque o que é a organização sindical senão uma ferramenta de libertação? E é isso que queremos, caminhar junto com vocês da organização sindical. Não podemos continuar permitindo em nossas sociedades que os verdadeiros donos da terra vivam marginalizados. E nós da organização sindical, com nosso lema de compromisso e coerência, estamos aqui para caminhar”, acrescentou Juan Gabriel Espínola.
Por fim, Fátima Silva lembrou que “comemorações como as de hoje são as datas precisas para dizer aos chefes de Estado que cumpram as políticas necessárias para as populações indígenas marginalizadas em todas as partes do mundo”.
Terminada essa etapa da atividade, os participantes formaram grupos de trabalho para discutir os desafios enfrentados pelos sistemas públicos de ensino nas comunidades indígenas.
Em conclusão, os educadores encontraram coincidências na necessidade de garantir o cumprimento da legislação vigente nos países da região relacionada aos direitos dos povos indígenas, bem como das leis e tratados que garantem o direito a um salário digno.
Por outro lado, apontaram necessidades claras como a melhoria das condições de infraestrutura educacional, acesso à internet, materiais didáticos, merenda escolar e bibliotecas, condição que deve ser acompanhada de políticas públicas que garantam a conectividade dessas comunidades .
Os educadores e educadoras lembraram que a atenção a esses desafios depende do cumprimento de outros direitos como o acesso à água potável, aos serviços de saúde e o direito às terras ancestrais.
Por fim, os participantes apontaram propostas importantes como a realização de concursos que permitam aos educadores indígenas atuarem em suas comunidades, promovendo processos de formação que respeitem a cultura e a visão de mundo de cada povo indígena e garantindo a aplicação de um currículo diferenciado.
Ao final do evento, as lideranças sindicais não indígenas presentes na sala refletiram sobre a necessidade de acompanhar os colegas indígenas que fazem parte de suas organizações e, principalmente, ouvi-los. Foi apontada a importância de garantir que os ganhos sindicais sejam atendidos com equidade para os educadores indígenas, bem como de ter representação em todos os níveis da organização.
Fonte: CNTE
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